14.7.10

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sempre gostei de guardar as coisas para mim.
boas e más. na mesma proporção.

há quem identifique isso como o egoísmo
típico de um filho único.

erro tremendo.

sou filha única.
mas nunca fui egoísta.
e a educação que me deram
nunca permitiu abrir espaço a tal sentimento.

sempre achei e tenho certeza hoje
que o que faço não é por egoísmo,
mas sim por puro altruísmo e protecção.

recuso-me a ver sofrer desnecessaria ou precocemente alguém que eu amo.
protejo aqueles que amo com devoção.
prefiro sofrer sozinha se assim tiver que ser.

no entanto,

ontem, cruzei-me com um vídeo em que uma mulher,
da minha idade, dizia que, quando soube que estava grávida,
decidiu, ela e o marido, contar também à família mais próxima
e amigos íntimos.
por alguma razão sentiu necessidade de justificar isso
então disse que sabia que, caso algo de mal acontecesse até
ao fim do primeiro trimestre, seria difícil ter que suportar isso sozinha
e que certamente o apoio dessas pessoas próximas seria imprescindível...

...as palavras dela continuam ainda agora a fazer eco dentro de mim.

mas continuo a achar que, havendo a probabilidade, por mais ínfima que seja,
mas que infelizmente não é assim tão ínfima, de fazer sofrer alguém que amo
quando posso protegê-los disso, a minha escolha será sempre protegê-los.
é o que farei. sempre.com unhas e dentes. sem excepção.

e a acrescentar a tudo isso vem a liberdade que eu tanto prezo.

13.7.10

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estou ansiosa.

9.7.10

amor de mãe


assim, irrefutavelmente
e contra qualquer argumento
tem um momento certo para nascer.
os milésimos de segundo que determinam a sua existência
têm lugar no ventre.
e em nenhum outro lugar.

o amor que nasce da convivência, do contacto físico,
do cheiro, do toque, do olhar,
é determinado e moldado por personalidades,ideais e valores
e até pelo tempo e pelo espaço.
esse amor é a essência de todos os amores.

mas amor de mãe,
tem uma essência bem distinta.
é por isso que,
ou nasce naquele exacto momento, cego e incondicional,
ou ficará para sempre à margem do amor que poderia ser.

existirá um amor sim.
mas construído com a essência de todos os outros
será para sempre um amor comum.
e nunca,
nunca, um amor de mãe.

5.7.10

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assim estou.
e parece que me custa acreditar.

a viagem por que ansiei afinal chegou. veio até mim e chegou exactamente quando tinha que chegar.
como tudo na minha [nossa vida] assim tem sido. conto de fadas e timings perfeitos.

o meu corpo já se sente desafiado com os primeiros metros (km?) desta viagem.
desafiado sim. de uma forma verosímel que só mesmo a realidade nos pode trazer.
mas sinto-me deliciada e fascinada. muito mais ainda do que antes.

e honrada. por ter sido escolhida.

estou feliz.

1.6.10

cansada

não sei se é bem esta a palavra.

cansada. acho que é assim que me sinto.

não é tanto um cansaço físico. mas ainda assim torna-se esgotante.

cansada de rotinas. de pessoas. de obrigações. [não de todas mas de algumas]
cansada de calor.

sinto-me a distanciar-me de mim. e ainda há um mês atrás tudo parecia tão diferente.

mas acima de tudo sinto-me cobarde. sim. cobarde.
porque saber o que nos esgota e ainda assim mantermo-nos imóveis a assistir, impávidos e serenos...não é comodismo...é cobardia

7.5.10

21.4.10

introvert

that's something I TRULLY AM!!

Contrary to what most people think, an introvert is not simply a person who is shy. In fact, being shy has little to do with being an introvert!
Shyness has an element of apprehension, nervousness and anxiety, and while an introvert may also be shy, introversion itself is not shyness. Basically, an introvert is a person who is energized by being alone and whose energy is drained by being around other people. They enjoy thinking, exploring their thoughts and feelings. They often avoid social situations because being around people drains their energy. This is true even if they have good social skills. After being with people for any length of time, such as at a party, they need time alone to "recharge."

When introverts want to be alone, it is not, by itself, a sign of depression. It means that they either need to regain their energy from being around people or that they simply want the time to be with their own thoughts.

19.4.10

what would you do if you knew you would't fail??

I would do a botanical illustration course and quit my job to draw and fulfill myself every single day. "pen" on paper instead of spending 8h hours a day with CAD. I would leave Portugal with my love to our dreamland where we would rent or even buy (knowing I would't fail) our lovely little house near the lake...where one day soon we would meet our baby...
somehow I would also manage to have a small bookstore of my own. A sacred space where I would have a special corner for children to enjoy and where I would teach them to love words, books and their smell as much as I do...

8.4.10

fragilidades II

confirma-se. partiu. como um copo de cristal estilhaçou-se em mil pedaços.
hoje não me apetece andar a colar peças. vou arrumá-las ali ao lado. se um dia me apetecer tento colar sabendo de antemão que nunca nada voltará a ser como antes...
agora pergunto-me...e se eu nunca colar os pedacinhos?...hummm...

evidências [update]

e...já lá vão 5.

inside out

a journey that it´s still in the beginning, but already had a big test to pass. Even though I have a few "cuts and bruises" I guess I´m ok, at least I survived. And I´m not giving up on this journey. It would be giving up on me.

evidências

até agora, das 8 pessoas com quem tive que falar desde que saí de casa, 4 já me perguntaram se eu estou bem. claramente tenho que deixar de ser tão "transparente".

11.2.10

maternidade

...em Inglês porque é assim o texto original e é tão bom. aqui fica:

(...)I want to tell her that the physical wounds of childbirth heal, but that becoming a mother will leave her with an emotional wound so raw that she will be forever vulnerable.

I consider warning her that she will never read a newspaper again without asking “What if that had been my child?” That every plane crash, every fire will haunt her. That when she sees pictures of starving children, she will look at the mothers and wonder if anything could be worse than watching your child die.

I look at her carefully manicured nails and stylish suit and think she should know that no matter how sophisticated she is, becoming a mother will immediately reduce her to the primitive level. That a slightly urgent call of “Mom!” will cause her to drop her best crystal without a moment’s hesitation.

I feel I should warn her that no matter how many years she has invested in her career, she will be professionally derailed by motherhood. She might successfully arrange for child care, but one day she will be waiting to go into an important business meeting, and she will think about her baby’s sweet smell. She will have to use every ounce of discipline to keep from running home, just to make sure he is all right.

I want my friend to know that everyday routine decisions will no longer be routine. (...)

I want her to know that however decisive she may be at the office, she will second-guess herself constantly as a mother. Looking at my attractive friend, I want to assure her that eventually she will shed the pounds of pregnancy, but will never feel the same about herself. That her life, now so important, will be of less value to her once she has a child. That she would give it up in a moment to save her offspring, but will also begin to hope for more years, not so much to accomplish her own dreams, but to watch her child accomplish his.(...)

My friend’s relationship with her husband will change, but not in the ways she thinks. I wish she could understand how
much more you can love a man who is always careful to powder the baby or who never hesitates to play with his son. I think she should know that she will fall in love with her husband again for reasons she would never have imagined. (...)

by Dale Hanson Bourke
from Chicken Soup for the Woman’s Soul

na íntegra aqui

fragilidades

as pessoas "partem-se" facilmente dentro de mim, assim como um copo quando cai sobre a mesa desamparado e se estilhaça.

mas, tal como os copos, algumas são feitas de materiais diferentes.
as pessoas que conquistam mais espaço dentro de mim são sempre as mais frágeis que como os copos de cristal, quando caem, estilhaçam-se irremediavelmente em mil pedaços. e ainda que consiga “reconstruir” algumas delas reciclando os estilhaços, o vidro reciclado torna-se menos puro, menos transparente e eu deixo de ver através dele com a mesma nitidez de antes e assim, lentamente, elas vão desocupando espaço e juntando-se a todas as outras pessoas. aquelas pessoas que ocupam menos espaço, menos importância e que sempre foram feitas desse mesmo vidro reciclado que ainda que seja mais resistente e possa até tombar sem partir, não tem a nitidez necessária para conquistar mais uns centímetros quadrados cá dentro.

e assim eu sou dona do espaço que ocupam dentro de mim. assim eu decido de que material são feitos todos aqueles que deixo que passem da porta de entrada e pisem cá dentro. assim eu decido quem pisa e quem fica. mas há uma coisa que feliz ou infelizmente está fora do meu alcance controlar – o momento desamparado da queda. Esse, está à inteira responsabilidade da outra pessoa, ou da vida...mas nunca à minha.

10.2.10

a.d.o.r.o.



...esta foto

e porquê?
por tudo. porque gosto de nevoeiro...de dias húmidos...de dias cinzentos.
porque vejo um mini personagem b&w a espreitar envergonhado por trás do tronco aparentemente despido de vida. gosto das árvores. muito. crescem lado a lado e morrem de pé.

a.d.o.r.o.




...esta foto. sem grande razão aparente.

mas se tivesse que olhar para "ela" e resumir o que vejo...diria certamente - LUZ...muita luz.
e não, não estou a referir-me aos "raios" de luz que para o olho mais destreinado terão "arruinado" a foto, estou sim a referir-me a uma luz "essencial" (que como todas as coisas essenciais é "invisível aos olhos"). Talvez os meus sejam diferentes, ou já estejam mais treinados. não sei. mas a verdade é que consigo ver através dessa luz...consigo chegar ao olhar e aos "pensamentos" dentro daquele olhar, ao cheiro a terra molhada, à felicidade no seu estado mais puro e primitivo, ao amor...e sinto-me feliz

OYTIΣ

ninguém.

[...]O Cíclope bebeu o vinho com entusiasmo e pediu para que a tigela fosse reenchida três vezes. Então, num estupor de embriaguez, deitou-se para dormir. Antes de dormir, perguntou o nome dO seu hóspede, e Ulisses respondeu que era "Outis" ["ninguém" em grego]; o Cíclope prometeu que em retribuição pelo vinho comeria "Ninguém" por último. Assim que o monstro dormiu, Ulisses aqueceu a ponta da estaca ao fogo; quando ela ficou em brasa ele e quatro de seus melhores homens enterraram a ponta no olho único do Cíclope. O olho emitiu um chiado, semelhante "ao alto silvo que sai de um grande machado ou enxó, quando o ferreiro coloca a peça dentro da água para conferir-lhes têmpera e dar força ao ferro". O Cíclope, rudemente acordado pela dor terrível, urrou e rugiu, chamando os seus vizinhos, os outros Cíclopes, para que viessem ajudá-lo. Mas quando estes se agruparam do lado de fora de sua caverna e perguntaram quem o estava a incomodar, quem o tinha ferido, a sua única resposta foi que "Ninguém" o incomodava e "Ninguém" o estava a ferir; assim eles acabaram por perder o interesse retiraram-se.