11.2.10

maternidade

...em Inglês porque é assim o texto original e é tão bom. aqui fica:

(...)I want to tell her that the physical wounds of childbirth heal, but that becoming a mother will leave her with an emotional wound so raw that she will be forever vulnerable.

I consider warning her that she will never read a newspaper again without asking “What if that had been my child?” That every plane crash, every fire will haunt her. That when she sees pictures of starving children, she will look at the mothers and wonder if anything could be worse than watching your child die.

I look at her carefully manicured nails and stylish suit and think she should know that no matter how sophisticated she is, becoming a mother will immediately reduce her to the primitive level. That a slightly urgent call of “Mom!” will cause her to drop her best crystal without a moment’s hesitation.

I feel I should warn her that no matter how many years she has invested in her career, she will be professionally derailed by motherhood. She might successfully arrange for child care, but one day she will be waiting to go into an important business meeting, and she will think about her baby’s sweet smell. She will have to use every ounce of discipline to keep from running home, just to make sure he is all right.

I want my friend to know that everyday routine decisions will no longer be routine. (...)

I want her to know that however decisive she may be at the office, she will second-guess herself constantly as a mother. Looking at my attractive friend, I want to assure her that eventually she will shed the pounds of pregnancy, but will never feel the same about herself. That her life, now so important, will be of less value to her once she has a child. That she would give it up in a moment to save her offspring, but will also begin to hope for more years, not so much to accomplish her own dreams, but to watch her child accomplish his.(...)

My friend’s relationship with her husband will change, but not in the ways she thinks. I wish she could understand how
much more you can love a man who is always careful to powder the baby or who never hesitates to play with his son. I think she should know that she will fall in love with her husband again for reasons she would never have imagined. (...)

by Dale Hanson Bourke
from Chicken Soup for the Woman’s Soul

na íntegra aqui

fragilidades

as pessoas "partem-se" facilmente dentro de mim, assim como um copo quando cai sobre a mesa desamparado e se estilhaça.

mas, tal como os copos, algumas são feitas de materiais diferentes.
as pessoas que conquistam mais espaço dentro de mim são sempre as mais frágeis que como os copos de cristal, quando caem, estilhaçam-se irremediavelmente em mil pedaços. e ainda que consiga “reconstruir” algumas delas reciclando os estilhaços, o vidro reciclado torna-se menos puro, menos transparente e eu deixo de ver através dele com a mesma nitidez de antes e assim, lentamente, elas vão desocupando espaço e juntando-se a todas as outras pessoas. aquelas pessoas que ocupam menos espaço, menos importância e que sempre foram feitas desse mesmo vidro reciclado que ainda que seja mais resistente e possa até tombar sem partir, não tem a nitidez necessária para conquistar mais uns centímetros quadrados cá dentro.

e assim eu sou dona do espaço que ocupam dentro de mim. assim eu decido de que material são feitos todos aqueles que deixo que passem da porta de entrada e pisem cá dentro. assim eu decido quem pisa e quem fica. mas há uma coisa que feliz ou infelizmente está fora do meu alcance controlar – o momento desamparado da queda. Esse, está à inteira responsabilidade da outra pessoa, ou da vida...mas nunca à minha.

10.2.10

a.d.o.r.o.



...esta foto

e porquê?
por tudo. porque gosto de nevoeiro...de dias húmidos...de dias cinzentos.
porque vejo um mini personagem b&w a espreitar envergonhado por trás do tronco aparentemente despido de vida. gosto das árvores. muito. crescem lado a lado e morrem de pé.

a.d.o.r.o.




...esta foto. sem grande razão aparente.

mas se tivesse que olhar para "ela" e resumir o que vejo...diria certamente - LUZ...muita luz.
e não, não estou a referir-me aos "raios" de luz que para o olho mais destreinado terão "arruinado" a foto, estou sim a referir-me a uma luz "essencial" (que como todas as coisas essenciais é "invisível aos olhos"). Talvez os meus sejam diferentes, ou já estejam mais treinados. não sei. mas a verdade é que consigo ver através dessa luz...consigo chegar ao olhar e aos "pensamentos" dentro daquele olhar, ao cheiro a terra molhada, à felicidade no seu estado mais puro e primitivo, ao amor...e sinto-me feliz

OYTIΣ

ninguém.

[...]O Cíclope bebeu o vinho com entusiasmo e pediu para que a tigela fosse reenchida três vezes. Então, num estupor de embriaguez, deitou-se para dormir. Antes de dormir, perguntou o nome dO seu hóspede, e Ulisses respondeu que era "Outis" ["ninguém" em grego]; o Cíclope prometeu que em retribuição pelo vinho comeria "Ninguém" por último. Assim que o monstro dormiu, Ulisses aqueceu a ponta da estaca ao fogo; quando ela ficou em brasa ele e quatro de seus melhores homens enterraram a ponta no olho único do Cíclope. O olho emitiu um chiado, semelhante "ao alto silvo que sai de um grande machado ou enxó, quando o ferreiro coloca a peça dentro da água para conferir-lhes têmpera e dar força ao ferro". O Cíclope, rudemente acordado pela dor terrível, urrou e rugiu, chamando os seus vizinhos, os outros Cíclopes, para que viessem ajudá-lo. Mas quando estes se agruparam do lado de fora de sua caverna e perguntaram quem o estava a incomodar, quem o tinha ferido, a sua única resposta foi que "Ninguém" o incomodava e "Ninguém" o estava a ferir; assim eles acabaram por perder o interesse retiraram-se.